Boletim Contra-Corrente n° 103 – (Des)igualdade de gênero indicadores demográficos e socioeconômicos das mulheres brasileiras

Boletim Contra-Corrente n° 103 – (Des)igualdade de gênero indicadores demográficos e socioeconômicos das mulheres brasileiras

Em comemoração ao 8 de março – Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, o Boletim Contra-Corrente (BCC) deste mês convida seus leitores a uma reflexão sobre a condições  de vida e trabalho das mulheres na sociedade brasileira. Considerando o peso feminino no contingente populacional e de trabalhadores, o qual é composta em sua maioria por mulheres, este tema é extremamente relevante para as organizações sindicais e movimentos sociais.

Sistematizando e analisando indicadores demográficos e socioeconômicos coletados de fontes oficiais; como o Censo Demográfico 2022 e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outros; evidenciamos que apesar de importantes avanços e conquistas observados ao longo dos anos, persiste um enorme abismo entre a condição social e laboral da mulher e do homem brasileiro, em especial quando se considera também o recorte racial.

Por outro lado, as conquistas formais, como a lei sancionada em março passado que determina salário igual para trabalho igual, ainda não se reflete nos dados atuais, há que se observar entretanto até que ponto ela se traduzirá numa conquista real, uma vez que a informalidade e as novas modalidade de contratação mais precarizadas limitam a eficácia da lei, colaborando para perpetuar a desigualdade de renda entre homens e mulheres.

Num momento em que avançam na sociedade ideologias reacionárias que buscam legitimar a desigualdade e a opressão feminina, é lamentável a falta de iniciativas em políticas para promoção da igualdade feminina por parte do governo Lula. O não cumprimento de promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2022, como a revogação das reformas previdenciária e trabalhista e a lei das terceirizações, bem como a aprovação do arcabouço fiscal, e as reformas tributária e administrativa (que está em discussão) é sem dúvida a demonstração cabal de que, apesar do discurso “progressista”, este governo está disposto a aprofundar os ataques ao conjunto das mulheres trabalhadoras para assegurar a manutenção dos lucros burgueses.

Sua omissão em certos debates, como a questão da legalização do aborto, a falta de investimento em campanhas de combate à violência machista e na melhoria dos equipamentos para o atendimento das mulheres vítimas de violência, bem como o escândalo da troca de ministras mulheres por figuras masculinas ligadas ao centrão pelo apoio deste grupo no congresso por outro lado ajudam fortalecer os setores de ultradireita que disputam a consciência das/dos trabalhadores e seus ataques aos direitos das mulheres.

Esperamos que com este número do BCC possamos contribuir no debate acerca da necessidade de que estas questões, muitas vezes consideradas como especificidades das mulheres passe a fazer parte da agenda de lutas do conjunto da classe trabalhadora integrando também, com a devida importância a pauta de reivindicações de suas organizações.

Boa leitura!

Faça o download do boletim aqui.

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