Cartilha: O que é e como combater o Assédio Moral
“Nas últimas décadas, o trabalho passou por profundas transformações. Hoje, trabalhamos de forma totalmente diferente do como fazíamos antigamente, isso porque, com a chamada reestruturação produtiva, que começou a ser implementada no país com maior força a partir da década de 1990, as empresas passaram a adotar novos métodos de produção e de trabalho que afetaram profundamente os trabalhadores e as trabalhadoras. Essas mudanças, somadas às novas tecnologias, alteraram completamente a forma de se trabalhar, nas fábricas, escritórios e outros locais de trabalho, tarefas que antes eram executadas por dois, às vezes três empregados, passaram às mãos de um trabalhador que agora é obrigado a se “desdobrar” para dar conta da produção. O número de horas extras imposto aos trabalhadores é cada vez maior, a eliminação dos tempos e pausas durante a jornada para se adequar à produção “just-in-time”, “enxuta” e com ritmo pré-determinado, leva o trabalhador e a trabalhadora a ultrapassar seus limites, tudo isso sob a constante pressão das chefias, das máquinas e até dos próprios companheiros; e das ameaças de demissões e fechamento de postos de trabalho.
A reestruturação produtiva é um dos pilares do neoliberalismo e tem significado constantes demissões, corte de custos, polivalência, flexibilização da jornada e direitos e outras mudanças altamente prejudiciais aos trabalhadores. As reformas que vimos acontecer, ajustam-se perfeitamente nessa dinâmica e são parte do processo geral. A busca incessante pelo lucro, própria do modo de produção capitalista, exige que a exploração da força de trabalho seja permanentemente intensificada. Dentro dessa lógica, qualquer método de coerção que resulte no aumento da produtividade torna-se válido e é justamente no submundo das relações cotidianas entre patrões e empregados, no dia-a-dia do ambiente de trabalho, que essas práticas se manifestam, de uma forma completamente abominável e nem sempre perceptível. O assédio moral, que se tornou hoje um problema tão frequente dentro do ambiente de trabalho, nada mais é do que uma das manifestações desses métodos de coerção.
Não bastasse todas as mudanças no mercado de trabalhado, reflexo do neoliberalismo, que tem levado a uma enorme precarização das relações trabalhistas e redução de direitos, as trabalhadoras e trabalhadores passaram a conviver com mais um inimigo no dia a dia de suas atividades: o assédio moral no ambiente do trabalho.
As inovações tecnológicas, bem como novos métodos de produção e gestão, longe de serem utilizadas para facilitar a vida dos trabalhadores, tem servido para aumentar mais e mais a exploração. O neoliberalismo tem significado também a total retirada do Estado de suas obrigações para com o conjunto da população, através de privatizações, corte de gastos nas áreas sociais, ajustes fiscais, retirada de direitos e desregulamentação da economia.
Todas essas mudanças afetam as trabalhadoras e os trabalhadores, que são submetidos a um ritmo de trabalho cada vez mais intenso. O número frequente de horas extras, a eliminação dos tempos e pausas durante a jornada, a constante ameaça de demissão e fechamento de postos de trabalho, combinados com a constante pressão das chefias e até dos próprios companheiros de trabalho para atingir metas e garantir a produção, geram uma enorme tensão sob as trabalhadoras e trabalhadores, obrigando a ultrapassar seus limites para dar conta das tarefas e assegurar seu emprego e sua subsistência. E a implementação do teletrabalho, trouxe uma nova faceta ao problema. Se a pressão no local de trabalho leva muitas vezes os indivíduos ao limite, o trabalho remoto quebra as barreirias de horário, fazendo inclusive o trabalhador aumentar sua jornada, acreditando, por pressão, ser essa a única alternativa. Ou seja, intensifica as pioras nas condições de trabalho.
Nesse sentido, quanto mais informações tiver o trabalhador, maior será sua capacidade de se defender. Por isso, esta cartilha tem por objetivo conscientizar o trabalhador sobre o tema, a partir de uma perspectiva classista. Com exemplos práticos, são indicadas situações que configuram assédio moral e listadas as possíveis causas e consequências desse tipo de conduta para a vida e a saúde do trabalhador. Também são apresentadas medidas para prevenir e combater o assédio moral de forma a fortalecer a organização dos trabalhadores e tornar o ambiente de trabalho mais saudável.”
Acesse o estudo completo aqui.
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