Boletim Contra-Corrente n° 104 – Crescimento de acidentes laborais reflete a tragédia da precarização do trabalho no Brasil
Passados mais de 20 anos desde que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu o 28 de abril como Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, quase 3 milhões de pessoas ainda morrem a cada ano no mundo devido a acidentes e doenças laborais.
O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de mortalidade no trabalho, ficando atrás apenas de China, Índia e Indonésia. Somente em 2022 foram registrados 612,9 mil acidentes de trabalho no país, que causaram 2.538 mortes. É a maior taxa de mortalidade registrada em uma década, com 7 óbitos a cada 100 mil vínculos empregatícios. Os dados consideram apenas as comunicações de empregados com carteira assinada, ou seja, a mortalidade é ainda maior.
Esta realidade tem um impacto social profundo. Para o(a) trabalhador(a) envolvido(a) as consequências podem incluir desde lesões graves e incapacidade temporária ou permanente, até mesmo a morte. Tais incidentes, afetam não apenas a saúde física e mental do indivíduo, mas podem deixar sequelas emocionais duradouras e, em geral, repercutem também na família do(a) trabalhador(a), pois, além de lidar com a dor emocional, frequentemente dependem da renda deste ou desta como principal ou única fonte de sustento.
Visto que flexibilização das normas e a fragmentação de responsabilidades impostas pela reforma trabalhista e a lei das terceirizações impõem ao trabalhador e à trabalhadora uma maior exposição a riscos de acidentes, seja pela pressão por produtividade ou por lacunas de responsabilização, torna-se nítido a correlação entre a precarização cada vez maior das relações de trabalho e o crescimento dos acidentes.
Para contribuir com este debate o Boletim Contra-Corrente (BCC) deste mês dedica seu número a analisar o panorama dos acidentes e mortes no trabalho no Brasil e no mundo, buscando apresentar informações relevantes para municiar os sindicatos e movimentos sociais na luta pela preservação da vida e dignidade no trabalho.
Boa leitura!
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